Dado que as duas protagonistas vivem um romance escondido e proibido para a época, uma delas decide assumir a identidade de um primo falecido, vestir-se como um homem e viver socialmente como um homem, para assim poderem casar. E surpreendentemente conseguem-no fazer já que um padre de uma pequena paróquia de Espanha acredita nesta mentira. Na privacidade da sua casa as duas mulheres divertem-se de maneira sensual, como um verdadeiro casal. O sexo lésbico surge de forma natural, simples e vulgar. Contudo os efeitos, sobreposições e expressividade (teatral) são um tanto ou quanto exagerados, quiça para romper com a ideia de 'leveza' do sexo entre duas mulheres.
Sendo a união de Elisa e Marcela o primeiro casamento gay da Espanha, falta ao filme algo mais para dignificar tal acontecimento histórico. A visão social e as dificuldades de aceitação deste matrimónio são partes do roteiro pouco exploradas. E esse 'pouco' é sempre (e majestosamente) visível num contexto de cinema mudo- é certo que as imagens falam por si mas para se denunciar preconceitos e mudar mentalidades é preciso mais. Porque a intenção do filme é clara: mostrar que após tantas décadas passadas os casais homossexuais ainda têm de lutar pelos seus direitos, e a necessidade de instrução social para respeitar e aceitar diferenças ainda tem um longo caminho a percorrer. Porque o preconceito existe. Ainda.
Há detalhes da história que se perdem por se dar demasiada importância ao amor entre ambas. Tudo o que é comum a cada uma delas, independentemente de formarem um casal, foi posto de lado. Quem é Elisa sem Marcela? E Marcela sem Elisa? O desiquilíbrio narrativo é evidente. Porem, Elisa y Marcela é um filme bonito em relação ao que se propõe a apresentar.
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