sexta-feira, 24 de maio de 2019

Green Book

Green Book insere-se no grupo de filmes onde o racismo é tema primordial como marca do passado ainda bem exposta ao presente. Conta a história, baseada em factos verídicos, da relação entre um motorista branco e italo-americano e o célebre pianista Don Shirley, que precisava de alguém que o conduzisse numa digressão pelo sul dos EUA. E a narrativa é gradual: dois indivíduos que nada têm em comum e onde os opostos se atraem ao ponto de culminar numa bela amizade. Shirley é o negro rico e privilegiado que não é aceite pelos brancos (a não ser quando toca piano), nem é reconhecido como negro pelo excessivo privilégio que tem de ser uma 'figura pública'. O motorista é um emigrante italiano que batalha todos os dias para colocar dinheiro em casa e ferve em pouca água (à boa maneira latina). 
Green Book, o título do filme, era  um guia para viajantes negros no Sul dos EUA, indicando os sítios a evitar e aqueles mais seguros que toleram a presença de pessoas de raça negra. Para fazer jus ao título, o filme fica um bocadinho aquém, já que esta é uma versão muito suave da segregação vigente nos EUA, nos anos 60. Contudo, não podemos esquecer que o verdadeiro intuito do filme é honrar a amizade entre dois homens de raças diferentes e não relatar a verdadeira divisão entre negros e brancos. É um hino à fraternidade. Não é um documentário sobre segregação. O filme foi o vencedor do Óscar de 2019 e beneficiou das óptimas interpretações de Viggo Mortensen e Mahershala Ali. 

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