sábado, 3 de novembro de 2012

Amour, de Michael Haneke, é o favorito aos prémios do cinema europeu

Foi sem grandes surpresas que este sábado foi divulgada, no festival de Sevilha, a lista dos nomeados para a 25.ª edição dos prémios da Academia de Cinema Europeu: Amour, a produção franco-alemã que valeu ao austríaco Michael Haneke a sua segunda Palma de Ouro em Cannes, concorre a Filme Europeu do Ano e em mais quatro categorias, entre elas a de Melhor Actriz e a de Melhor Actor, pelo desempenho dos veteraníssimos Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant (que, retirado dos ecrãs há mais de uma década, aceitou regressar apenas para este filme).
O dinamarquês The Hunt, de Thomas Vinterberg, também tem cinco nomeações, mas, embora esteja na corrida a Melhor Filme, não tem o selo de qualidade que o prémio principal de Cannes garante. Vinterberg e Haneke vão encontrar-se ainda na luta pelo título de Realizador Europeu de 2012, que disputarão com o turco Nuri Bilge Ceylan (Era uma vez na Anatólia), o britânico Steve McQueen (Vergonha) e os irmãos Paolo e Vittorio Taviani (César Deve Morrer).
A completar “o sexteto” de concorrentes a Filme Europeu do Ano, para usar uma expressão do diário espanhol El País, estão também Vergonha e César Deve Morrer, além do alemão Barbara, de Christian Petzold, e Amigos Improváveis, um inesperado sucesso francês de crítica e de público com a assinatura de Olivier Nakache e Eric Toledano.
Para grande parte da crítica, a vitória de Amour na maioria das categorias para que está nomeado - Guião e Fotografia são as duas que faltava mencionar – é indiscutível. Já em Cannes a imprensa se pusera do lado de Haneke muito antes de o júri presidido pelo realizador Nanni Moretti ter anunciado a sua decisão.
Protagonizado por dois ícones do cinema francês – Riva, com 85 anos, Trintignant com 81 -,Amour aborda a inevitabilidade do envelhecimento e do fim, bem como as reflexões, medos e sentimentos de perda que acarreta, a partir de uma casal de idosos que se vê confrontado com uma doença terminal. Ao mesmo tempo, Haneke, que recebera já a Palma de Ouro em 2009 com O Laço Branco, faz deste filme uma celebração do amor que nos pode colocar na desconfortável posição de nos sentirmos voyeurs da intimidade de um homem e de uma mulher que vão morrer.
Deus da Matança, de Roman Polanski, com base num original da dramaturga francesa Yasmina Reza, disputa com Amour os prémios de Guião e de Melhor Actriz (Kate Winslet).
Os prémios, que serão entregues em Malta a 1 de Dezembro, homenageiam este ano a carreira do realizador italiano Bernardo Bertolucci e da actriz britânica Helen Mirren.

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