domingo, 6 de março de 2011

Gia

 A vida de Gia Carangi é mostrada pelo director Michael Cristofer, neste filme feito para a HBO. Com características de documentário, Cristofer conseguiu fazer um trabalho que prima pelo bom senso e pela estética, intercalando depoimentos de amigos e conhecidos, com cenas do quotidiano da modelo, interpretada por Angelina Jolie, de forma quase brilhante, o que lhe valeu o seu primeiro Globo de Ouro de Melhor Actriz naquele ano de 1998.
Gia trabalhou para nomes como Armani, Diane Von Furstenberg, Dior, Levi’s, Maybelline, Versace, Yves Saint Laurent, os melhores da moda da sua época. Chegou a ganhar 10 mil dólares por dia e foi considerada a modelo mais bem paga do mundo durante três anos consecutivos. Seu único erro foi não conseguir lidar e equilibrar as suas relações afectivas – familiares e pessoais.
Insegura e carente, Gia encontrou na heroína o alento que não achou naquele que considerava o grande amor da sua vida, a maquilhadora Linda (Elizabeth Mitchell), e na falta de apoio dos pais. Sem sentir o apoio da família, e ignorada pelos amigos, Gia chega a uma inevitável decadência profissional, enquanto encara a crueldade da dependência química.
Baseado em factos reais o filme foi escrito por Jay McInnerney e Michael Cristofer. Os escândalos e problemas de Gia crescem a cada cena e isso confere ao filme, muitas vezes, uma certa excessividade, porém nunca perde o lado credível. As fragilidades da protagonista são expostas de forma bastante clara e pontual, seja na fotografia, na edição ou nos diálogos. O filme tem a proeza de misturar a luminosidade dos desfiles com a agonia pessoal da modelo. 
Angelina, que até àquele momento não tinha feito nada que a destacasse, começa a convencer com este trabalho intenso, vibrante e hipnótico, que ofusca os demais, até mesmo a actuação de Faye Dunaway, que é excelente, como a agente e amiga Wilhelmina Cooper.
Assim como Gia, linda e louca, Jolie também o era. Na época, a actriz dizia ter recusado o papel diversas vezes por se achar muito parecida com a personagem. E foi exactamente com este filme que ela conseguiu dinheiro, fama, respeito da crítica e do público, e a ambição dos estúdios, tornando-se um dos nomes mais cobiçados da indústria do cinema.
Mesmo com alguns tropeços, o filme de Michael Cristofer cumpre o objectivo, já que a própria Gia queria que a sua história fosse contada para alertar o mundo os perigos das drogas. Lançado em 1998, o filme rendeu dois Globos de Ouro (Actriz e Actriz Coadjuvante), um Emmy de Melhor Edição e foi indicado em mais cinco categorias, além de outros prêmios. 

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