O cinema latino-americano, do qual sou uma eterna apaixonada, valoriza cada vez mais a memória e considero o "Ainda estou aqui" uma obra que dignifica essa valorizaçao. Estamos perante um filme muitissimo bem trabalhado e habilmente bem filmado, com destaque absoluto para a performance de Fernanda Torres, nomeada aos Oscares e com um Globo de Ouro ja nas maos. O trabalho de Fernanda Torres atordoa-nos: a inclinaçao constante para procurar a alegria dentro do medo ao proteger os seus filhos, tem todas as camadas de emoçoes desejadas através de um olhar magnético e fascinante. O filme, esse, é sobre uma ditadura, é sobre os perigos dos regimes autoritarios, é sobre algo passado que insiste nos dias de hoje em se tornar cada vez mais presente. É tambem e sobretudo, sobre uma mulher forte, corajosa e resiliente. Cativante e profundamente comovente, foi realizado brilhantemente por Walter Salles que nos brinda com um dualismo perfeito de elegância e naturalismo. Esta é a história de uma família, de uma mulher, de uma luta que parece estar mais viva do que nunca, e que nos lembra com melancolia que, em determinados tipos de sociedade, nenhum direito conquistado está a salvo. É preciso lutar constantemente por eles. 'Ainda Estou Aqui' presta uma singela homenagem às famílias e as pessoas que viveram sob ditaduras.
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