sexta-feira, 26 de setembro de 2025

10ª Edição do Setúbal Custom Weekend 2025

A cidade de Setúbal prepara-se para acolher, nos dias 27 e 28 de setembro de 2025, a 10.ª edição do Setúbal Custom Weekend. Consolidado como o evento de referência da "Cultura Custom" na Península Ibérica, o certame promete um fim de semana inesquecível, repleto de customização, música, lazer e a habitual "boa vibe" que o caracteriza, tudo num cenário deslumbrante entre a praia e a Serra da Arrábida. Com a expectativa de receber cerca de 40.000 visitantes, este evento de cariz familiar e inclusivo contará com mais de 100 expositores nacionais e estrangeiros. Os apaixonados por motos e carros clássicos terão a oportunidade de assistir a concursos de customização de motos e capacetes, demonstrações ao vivo, e participar em workshops de pinstriping, gravação em couro e bijuteria artesanal no sábado de manhã, dia 27. O tradicional passeio de moto pela região no domingo de manhã, 28, que faz parte da mística do evento, está igualmente confirmado. A festa estende-se pela noite, com a habitual Warm up Party na sexta-feira, dia 26, e a After Party no sábado, dia 27, ambas no Decibel Bar, além de outras celebrações nos bares da cidade. A componente musical será um dos grandes atrativos, com a atuação de quatro bandas no sábado (Vintage Vinyls, Johnny Boy Music, Mabelle Blues e Tributo Amy Winehouse) e duas no domingo (The Jukeboxers e Acid Queen), complementadas pelos DJs Pedro Monchique e Alex Davidson. Para além das exposições e das animações, a 10.ª edição do Setúbal Custom Weekend reserva surpresas e grandes oportunidades. Um dos visitantes poderá ser o feliz contemplado com uma Harley-Davidson Fatboy totalmente customizada, num sorteio a realizar no último dia do certame. Adicionalmente, a Harley-Davidson, patrocinador principal do evento, oferecerá a possibilidade de test rides nos seus novos modelos, prometendo outras surpresas aos presentes. A pensar nos mais novos, a zona de diversão infantil mantém-se, assim como a seleção de street food e a imagem vintage que define a "Cultura Custom". Os Harley Riders Setúbal deixam o convite: "Coloquem os capacetes, atestem os depósitos, reservem o fim de semana e rolem até Setúbal". A qualidade que marcou as nove edições anteriores está assegurada, reafirmando Setúbal como a "Capital da Customização" e um ponto de encontro obrigatório para os fãs da personalização de motos e das lendárias Harley-Davidson. A entrada é gratuita e as portas abrem às 10h00, prometendo um fim de semana de pura paixão motociclística.

in https://www.andardemoto.pt/

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos

O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos tem tudo o que devia ter para encher o olho. Só não tem alma nem originalidade, limitando-se a seguir rigorosamente a historia destes super-heróis.  Mesmo com um elenco de luxo, com uma ideia brilhante (meter Sue e Reed a serem pais), com a personagem da Surfista Prateada e do vilão devorador de mundos Galactus, tudo acaba por se resumir ao mesmo de sempre: os heróis salvam o planeta dos vilões com muita porrada à mistura, muito efeito especial, muita destruição, e uma cena pós-créditos que deixa uma porta aberta para um second round. Os atores criam uma dinâmica muito credível, mas nem eles, nem o design, nem a música conseguem que O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos seja mais do que é: um filme descartavel que rapidamente esquecemos ao acabar de o ver. 




terça-feira, 12 de agosto de 2025

ROBOT SELVAGEM

Chris Sanders jà nos tinha brindado com Lilo & Stitch, How to Train your Dragon e The Croods. Agora a trabalhar com os estudios da DreamWorks e a apostar numa nova estética da animaçao, surge talvez o seu melhor filme de animaçao. Adaptado do livro de Peter Brown, o filme conta-nos a historia de um robot que acorda numa terra desabitada e passa a enfrentar os perigos e a viver na dinâmica que a natureza impõe. O robot é programado para servir e fazer aquilo que os humanos exigem dele, mas precisa adaptar-se ao ambiente selvagem que encontra para sobreviver. É então que, após um acidente em que destroi um ninho, adota Brightbill, um filhote de ganso. Começamos entao a assistir a um história sobre maternidade e inclusao. O robot, de seu nome Roz, cria Bill, mas tem dificuldade em ensinar-lhe procedimentos basicos da especie a que Bill pertence, ou seja, alimentar-se, nadar e voar. Por outro lado, enfrenta tambem dificuldades de inclusao no meio dos outros animais que habitam por ali. Mas consegue criar uma bonita relaçao de amizade com uma raposa e os três passam a constituir uma estruturada familia disfuncional. Visualmente, o filme é muito bem conseguido e està cheio de momentos criativos e com bastante humor.  No que diz respeito ao tema, o filme poderia ter sido menos abrangente, pois acaba por englobar a conduta ética, ambiental e emocional, sem nunca as explorar devidamente. Porém, é de aplaudir a sua parte mais divertida e a narraçao do ciclo da vida de forma genuina, onde a bondade é a maior virtude sensorial, motora e intelectual.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

The Room Next Door

Pedro Almodóvar é o mestre das cores. Cada filme seu é hipnotizante neste aspeto. E, neste seu novo filme, The Room Next Door, que lida essencialmente com a mortalidade, é impressionante como ele assume esta vertente visual e a utiliza de maneira super elegante. Estamos perante uma contemplaçao da morte e Almodovar decide reunir duas amigas que não se viam há muitos anos, em que uma delas, doente, està próxima da morte. Julianne Moore é Ingrid, uma escritora de sucesso que, quando descobre que Martha (Tilda Swinton), uma ex-correspondente de guerra, está a passar por um tratamento contra o cancro, não hesita em visitá-la no hospital, algo que, torna-se-à uma constante na vida das duas. No entanto, com o tratamento não obtendo os resultados esperados, Martha decide-se pela eutanásia (ilegal nos EUA), através de uma pílula adquirida por meios obscuros e pede a Ingrid que a acompanhe num último e idílico retiro- uma casa alugada para o seu ultimo acto em vida. As duas mulheres tornam-se entao as melhores amigas mais uma vez, com Ingrid sendo obrigada a enfrentar o medo da morte que, coincidentemente, fora o tema de seu último livro. No entanto, o que poderia ser um filme carregado de melancolia, de dor e de tristeza, o roteiro de Almodóvar é capaz de o transformar numa bela celebração da vida. Não se trata de um filme para chorar por Martha, mas sim para admirar a sua decisão e para compreender que, quando chega a hora, talvez seja melhor escolher como ir. As duas atrizes estao muito bem nos seus papeis, mas Moore e o seu olhar dao uma nova dimensão ao enredo. No entanto, os dialogos sao rigidos, muito estruturados e pouco naturais, o que nao impede a forma leve e bela como Almodovar nos apresenta o fim e a morte. 

domingo, 10 de agosto de 2025

Maria

O filme acompanha a tumultuosa, bela e trágica história da soprano greco-americana Maria Callas, interpretada por Angelina Jolie, e considerada uma das melhores cantoras de ópera da história. Retrata especificamente o período em que Maria morou em Paris, nos anos 70, focando-se em seus últimos dias de vida. guião de Steven Knight (autor da série Peaky Blinders) explora a fragilidade de Callas em seus ultimos dias, reclusa no seu apartamento, sofrendo de depressão, com a voz enfraquecida, fragilizada, afundada em comprimidos e visoes. O realizador chileno, Pablo Larraìn, não está tão interessado em Maria Callas como o ícone da música que foi, mas sim em Maria, a pessoa, a mulher. É interessante como o filme retrata Maria Callas praticamente como um fantasma, vagueando por Paris e assombrada pelo seu passado. Por mais que o tempo tenha passado, ela ainda permanece agarrada à vontade de ser reconhecida, com uma certa esperança de recuperar a sua voz e voltar aos grandes palcos. Viciada em antidepressivos, o filme balança entre o que é realidade e imaginação, com a fantasia a invadir a vida da protagonistaO grande problema desta obra é que, para entender as angústias de Maria Callas, seria importante compreender a grandeza dela enquanto artista. O guião de Steven Knight nunca aprofunda esses aspectos, reservando apenas algumas cenas para ela se apresentar (enquanto artista) em flashbacks. Eles são os mesmos usados estrategicamente para relembrar aspectos importantes de sua biografia e os traumas que moldaram a sua vida, como a relação tóxica com o milionário grego Aristotle Onassis. Assim, não há muita informação para o grande publico que pouco sabe da história e da carreira de Callas. Angelina Jolie regressa através de Callas ao cinema depois de alguns tempos ausente. A sua voz é misturada com performances da cantora na vida real, o que infelizmente causa alguma estranheza e nao beneficia toda a potencia da voz de Callas. Contudo, Jolie dignifica muito bem a imponência, arrogância e insegurança da personagem. O filme afunda-se demasiadas vezes em preocupaçoes técnicas e estéticas atribuindo uma certa monotonia à narrativa, que explora sempre os mesmos tópicos sem se aprofundar de forma mais sensível em quem realmente é Maria Callas. Ainda assim estamos perante um retrato honesto sobre a tragédia que é viver dolorosamente no passado.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Expofacic 2025

                                        Aceda aqui ao site oficial. 

domingo, 18 de maio de 2025

Death of a Unicorn

Elliott, advogado de uma empresa farmaceutica, tem um fim de semana marcado na riquissima propriedade arborizada dos Leopolds, donos da empresa onde trabalha . Ridley, a sua filha adolescente, acompanha-o ainda que contrariada. Na estrada, pai e filha chocam com... um unicórnio. Depois de colocarem os restos mortais do animal encantado na mala do carro, Elliott e Ridley chegam finalmente ao seu destino. No entanto, descobre-se que a criatura, mesmo morta, tem poderes de cura. O patriarca Leopold está a morrer, o que é apropriado. Com um ponto de partida original, esta primeira longa-metragem escrita e realizada por Alex Scharfman tinha muito potencial. Uma vez terminada a cena inicial, ou o acidente mencionado, o enredo infelizmente desfaz-se: nenhuma estrutura discernível, uma lógica interna variável e personagens unidimensionais a roçar a caricatura mas sem qualquer entusiasmo. De facto, o filme torna-se completamente entediante durante os momentos pai-filha partilhados por Jenna Ortega e Paul Rudd: a figura da "mãe-esposa morta" serve como ferramenta psicológica. As tentativas fúteis de Ridley para alertar toda a gente do perigo são demasiado repetitivas, assim como as cenas que mostram o herdeiro a "cheirar" pó de unicórnio. A direção também luta para convencer. À medida que o clímax se aproxima, o visual torna-se caótico: a edição confusa acaba com toda a possivel tensão.  Nem mesmo os talentos combinados de Paul Rudd e Jenna Ortega conseguem salvar este filme que se resume apenas a uma sátira caótica, repetitiva e nada mágica.

domingo, 11 de maio de 2025

BabyGirl

Babygirl apresenta-nos uma reflexao sobre o limite entre o poder e a submissão, presentes em diferentes esferas da vida, neste caso, de uma mulher. O sexo, é elemento de libertaçao que por sua vez pode gerar um verdadeiro gatilho na autodestruiçao social e profissional da protagonista. A narrativa, com uma brilhante atuação de Nicole Kidman, expõe a complexidade do poder e desejo, criando um retrato inquietante de uma mulher em busca da sua verdadeira identidade sexual, ao mesmo tempo em que encara as consequências das suas proprias escolhas. Ao utilizar elementos de suspense para desenvolver a personagem, a realizadora Halina Reijn elabora um filme complexa, provocante e sensual.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Né quelque part

Né Quelque Part é um filme francês realizado pelo franco-argelino Mohamed Hamidi. Aqui é-nos contada a historia de um estudante de Direito em Paris, filho de imigrantes argelinos, que pouco sabe sobre as suas origens. Quando, de repente, o pai lhe pede para viajar até à Argélia para salvar a sua casa de uma aquisição forçada pelo governo argelino, este estudante descobre uma parte de si que nunca conheceu. Enquanto se debate com a burocracia e os costumes argelinos, ele compreende as dificuldades que os jovens argelinos enfrentam para começar uma nova vida em França. Entre os desesperados por chegar a França está o seu primo – que acaba por lhe roubar os documentos e partir para França, deixando-o preso na Argélia. Resignado à sua nova vida 'clandestina', ele abraça o estilo de vida local, faz amizades e descobre a história da sua família. O cenário é poderoso e cativante, conferindo beleza visual ao filme. A maioria dos papéis são caricaturas, tornando muitos momentos bastante cómicos. A banda sonora intensifica o drama para contrabalançar com a comédia. No geral, a história é complexa, embora coerente, produzindo um relato bem desenvolvido da herança e da identidade. Contudo ha uma infinitude de tematicas discutidas que geram alguma confusao, nao fosse a qualidade do elenco. 



domingo, 16 de março de 2025

May December

 

O novo filme de Todd Haynes constrói-se nos contrastes das zonas cinzentas entre a moral, a política e a cultura. A história é meio sombria e perturbadora, inspirada na historia real de Mary Kay Letourneau, uma professora que em 1996 se tornou conhecida de todos por seduzir um aluno de 12 anos. Apesar das similaridades, May December distancia-se bastante do caso de Letourneau a ponto de desprender-se de qualquer tipo de imitaçao. Os diálogos e a banda sonora escolhida aparecem para transformar a história, gradualmente, numa especie de pesadelo gélido: tudo é cronometrado com base na música, o movimento da câmera, os movimentos dos atores... tudo. O mais importante do filme  talvez seja a interpretação das duas protagonistas: Moore e Portman. A malícia e o desejo que transparecem nas interpretações de ambas identificam-se exatamente com a intensidade das suas personalidades. Porque detràs da vida simples e doméstica de Gracie está um crime terrível, que, por sua vez, é justificado pela sua ingenuidade. Elizabeth, por outro lado, é o falso espelho que se recusa a reconhecer o papel que interpreta naquelas vidas. É como se estivéssemos a assitir a dois filmes sobrepostos, um que propõe a ideia e outro que propoe a critica. May December é definitivamente um clássico contemporâneo. O resultado é um filme desconfortável – mas nada explosivo – que traz de volta ao cinema a incerteza em um momento em que tudo é afirmaçao.

sábado, 15 de março de 2025

Beetlejuice Beetlejuice

Beetlejuice Beetlejuice està de regresso apos 36 anos e convém concordar que este é o melhor filme de Tim Burton.  A nova versao de 2024, hà muito esperada, é uma viagem alucinante entre as poucas mudanças efetuadas e as memorias que temos do primeiro filme. Nao hà nada de novo acrescentado, nem tao pouco alteraçoes ao nivel da direçao do filme, mas é bastante agradavel exercitar a nossa nostalgia com passeios por velhos lugares. Temos aqui uma verdadeira homenagem ao seu antecessor, um verdadeiro presente para todos os fäs: sendo mais brilhante e menos caseiro do que o original de 1988, ainda há vestigios de  genialidade- uma sequência de animação em stop-motion, alguns efeitos maravilhosos de próteses de cabeças encolhidas e duas cenas de nascimento alucinantes. É em momentos como estes, quando Burton realmente deixa voar a sua excentricidade, que Beetlejuice Beetlejuice se destaca.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Ainda estou aqui

 

O cinema latino-americano, do qual sou uma eterna apaixonada, valoriza cada vez mais a memória e considero o "Ainda estou aqui" uma obra que dignifica essa valorizaçao. Estamos perante um filme muitissimo bem trabalhado e habilmente bem filmado, com destaque absoluto para a performance de Fernanda Torres, nomeada aos Oscares e com um Globo de Ouro ja nas maos. O trabalho de Fernanda Torres atordoa-nos: a inclinaçao constante para procurar a alegria dentro do medo ao proteger os seus filhos, tem todas as camadas de emoçoes desejadas através de um olhar magnético e fascinante. O filme, esse, é sobre uma ditadura, é sobre os perigos dos regimes autoritarios, é sobre algo passado que insiste nos dias de hoje em se tornar cada vez mais presente. É tambem e sobretudo, sobre uma mulher forte, corajosa e resiliente. Cativante e profundamente comovente, foi realizado brilhantemente por Walter Salles que nos brinda com um dualismo perfeito de elegância e naturalismo. Esta é a história de uma família, de uma mulher, de uma luta que parece estar mais viva do que nunca, e que nos lembra com melancolia que, em determinados tipos de sociedade, nenhum direito conquistado está a salvo. É preciso lutar constantemente por eles. 'Ainda Estou Aqui' presta uma singela homenagem às famílias e as pessoas que viveram sob ditaduras.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

10 Lives

10 Lives é um filme de animaçao de Christopher Jenkins, repleto de humor, emoçao e tambem de reflexao sobre a importancia da vida. A sinopse do filme resume-se a Beckett, um gato mimado e egocêntrico, que não tem noçao da sorte que teve ao ter sido adotado por Rose, uma estudante dedicada à preservação das abelhas. Após perder a sua nona vida de gato num acidente provocado por ele proprio, Beckett vê-se envolvido numa grande aventura: é-lhe concebido aproveitar mais dez vidas, cada uma a reencarnar em diferentes animais. O objetivo é que ele possa corrigir os seus erros e evoluir. À primeira vista, o filme parece puramente infantil, mas vai surpreendendo aqui e ali, ao abordar temas mais complexos como a sustentabilidade ( questao ecologica da importancia da preservaçao das abelhas) e o valor da vida. Visualmente é bastante atrativo, especialmente nas cenas que retratam a natureza e as varias reencarnaçoes de Beckett. O humor é que é completamente cliché, com piadas bastante repetitivas e pouco originais. Serà certamente um filme que agradarà mais ao publico infantil, embora a mensagem da urgência em cuidar do planeta abarque tambem os adultos: para assistir em familia e se for apaixonado por gatos e abelhas, tanto melhor. 

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Emilia Pérez

Foi o filme com maior numero de indicaçoes aos Globos de Ouro, ganhou na categoria de melhor filme musical ou de comedia, e ainda venceu na categoria de filme estrangeiro e melhor atriz secundaria (Zoe Saldana). A realizaçao é francesa e assinada por Jacques Audiard. Teve a sua estreia no festival de Cannes 2024, onde ganhou o premio do juri e a categoria de melhor atriz, o que levou Karla Sofia Gascon a se tornar a primeira mulher trans premiada. Talvez o sucesso continue na cerimonia dos Oscares, talvez nao. É esperar para ver. O México, é contudo, o país que mais criticas negativas atribui ao filme, embora todo o filme 'seja' sobre o Mexico. Entre as criticas mexicanas constam: os diálogos entre os personagens nao soam a mexicanos, especialmente, o sotaque da atriz Selena Gomez; produçao feita por estrangeiros distante da verdadeira cultura mexicana; o elenco so tem uma unica atriz mexicana; imagem depreciativa e desdenhosa da realidade mexicana, em questoes como o trafico de droga, pessoas desaparecidas e assassinadas, etc. Apesar de tudo, e aceitando as criticas mexicanas, que me parecem plausiveis, porque o filme é verdadeiramente um retrato superficial e cliché do Mexico, gostei imenso da abordagem inovadora ao tema complexo do tráfico de drogas e da violência, especialmente tratando-se de um musical. No entanto, parece-me pouco para arrebatar um Oscar. 


domingo, 26 de janeiro de 2025

Flow

Flow, vencedor do melhor filme de animaçao nos Globos de Ouro de 2025 e candidato ao Oscar 2025, é um poço de tematicas sensiveis, abordadas com tanta leveza e simplicidade que é impossivel nao nos sentirmos de alma cheia. A importancia de viver em comunidade, da uniao, da cooperaçao, da entre-ajuda, da igualdade e da amizade, sao exploradas atraves do olhar dos animais, sem qualquer evidencia de protagonistas humanos. Ao que parece, uma catastrofe ambiental abate-se sobre o planeta terra, fruto de açoes humanas, que acabam por desaparecer com a tragédia. É no meio de todo este cenario que um gato trava amizades improvaveis com outros animais de diferentes especies. Flow é um belíssimo filme que abre margem para diversos debates, nomeadamente, as mudanças climatericas. Sem palavras e sem humanos. Somente imagens e sons de bichos. Os verdadeiros sons que os bichos fazem. E ainda assim cheio de leveza, brilho, beleza e emoçoes. Os filmes de animaçao de Hollywood teem muito a aprender com este Flow que nos chega da Letonia. 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Small Things Like These

Small Things Like These é um filme que aborda a instituiçao catolica irlandesa The Magdalene Sisters” e que nos apresenta um olhar critico sobre a mesma. Esta nao é a primeira abordagem ao tema nos cinemas, que para os que nao sabem, debruça-se sobre jovens mulheres vitimas de abusos e maus tratos por parte de madres e freiras da instituiçao mencionada. Esta abordagem apresenta-se-nos pela ótica de um católico fiel, casado e bem integrado socialmente, abalado por descobrir uma prática disfuncional do Cristianismo. Cillian Murphy, o protagonista, conquistou plateias e brilhou no Festival de Berlim graças ao seu Bill Furlong, de personalidade àspera mas sensivel, intimista e com tendencia à compaixao.  A narrativa é meticulosa e prova-nos que o filme nao vive somente do belo trabalho do seu protagonista. A fotografia nao é rebuscada e acompanha a desilusao de Bill Furlong, quando os planos escuros assumem um dégradé nas suas antíteses morais. Essa fase começa quando ele esbarra com um vizinho e estranha a pobreza e começa a dar-se conta de que segredos sombrios rondam a comunidade, envolvendo a relação da Igreja com as jovens da região. Nesta comunidade a fé é medida de opressão. Baseado no best-seller de Claire Keegan, “Small Things Like These” foi produzido por Matt Damon, Ben Affleck e pelo próprio Cillian Murphy. Bill representa o dilema moral que muitos preferem ignorar: até onde estamos dispostos a ir para confrontar os horrores que nos circundam, quando as estruturas que os perpetuam estão tão profundamente enraizadas nas nossas vidas? O filme não se preocupa tanto em dar respostas mas sim lançar estas questões diretamente para a plateia, deixando espaço para que cada espectador se defina diante da responsabilidade perante a injustiça. 

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Conclave

Drama político muito bem escrito sobre uma temàtica jà bastante explorada, contudo, sempre atraente: o vaticano. Enquanto nos familiarizamos com o cenàrio e o ambiente, o roteiro sugere-nos reflexoes e debates politicos atuais, presentes num cenàrio mundial.  A religiao, tema central, é por um lado, conservadora e fechada, com rasgos de tentativas de inovaçao e progressao, atraves de cardeais que se situam de um outro lado. Do lado da atualizaçao e da adaptaçao aos tempos que correm. Para guiar tais conflitos, o roteiro apresenta-nos personagens carismáticas e imponentes que representam as visões de mundo que defendem. Os atores foram muito bem escolhidos e afastam-se de qualquer cliché ou caricatura. Por vezes, temos a sensaçao que sao figuras reais.  A fotografia do filme tambem é de louvar com varias pinturas tradicionais da igreja catolica que ajudam de certa forma o publico a entender melhor as emoçoes e motivaçoes das personagens. O preto, vermelho, dourado e branco foram usados em abundancia para realçar todo o contexto do vaticano e tambem para transmitir a força da morte, do poder e da intriga. A nivel musical, tambem louvamos a escolha feita: trilha sonora competente que se silencia nos momentos mais emblematicos do filme. Esta escolha permite que as discussões sobre o papel da religião, do genero, da intolerância religiosa e do conservadorismo ganhem ainda mais peso. Estamos perante um filme com um primor invejável, um exemplo de que o cinema pode ser muito mais do que simples entretenimento, mas um local de histórias que trazem reflexões maiores. Vale mesmo muito a pena...