sábado, 28 de dezembro de 2019

Alice Através do Espelho

Em 2010, Alice no País das Maravilhas foi um grande sucesso de bilheteira mas a reação dos críticos e de parte do público não foi muito positiva: reclamou-se de uma narrativa confusa e do excesso de efeitos especiais em detrimento dos sentimentos e do aspecto psicanalítico da obra original. Seis anos depois, o diretor Tim Burton não quis continuar no projeto, sendo substituído por um cineasta de estilo mais convencional: James Bobin, autor dos dois últimos Muppets.
E assim nasce Alice Através do Espelho, numa espécie de tentativa de concerto da estrutura inicial. Pura idiotice (isto para quem, como eu, gostava da Alice original do Tim Burton). As motivações no segundo filme são bastante fracas. Tudo vale para levar a protagonista de volta ao País das Maravilhas, ao reencontrando com o gato, o coelho, e a conhecer um novo vilão, o Tempo.Tudo supérfluo, tudo forçado. As incoerências relacionadas com a personagem Tempo são flagrantes. Entre o elenco, Sacha Baron Cohen limita-se a combinar sotaques e tiques de suas personas anteriores, assim como Borat e Ali G. Anne Hathaway mantém a composição questionável da Rainha Branca meio etérea, com os braços sempre no ar. Salva-se Johnny Depp que domina os trejeitos do Chapeleiro com destreza, Helena Bonham Carter, com a sua mestria em diálogos, e Mia Wasikowska com a força e ternura necessárias para trabalhar a sua personagem. E mesmo assim, as personagens pouco evoluíram desde Alice no País das Maravilhas.
James Bobin, na direção, é mil vezes mais  extravagante e saturante que Tim Burton. Alice Através do Espelho aproveita pouquíssimo da história de Lewis Carroll além da premissa básica da menina que atravessa o espelho e redescobre o País das Maravilhas. O humor é discreto, a originalidade não é exatamente o ponto forte do filme e a narrativa é ainda mais confusa do que antes. 

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