O Mordomo
Retrato açucarado, e terrivelmente bem comportado
(no pior sentido da expressão), da história da luta dos negros
americanos pela aquisição dos “direitos cívicos”, ao longo de várias
décadas do século XX. Mas Lee Daniels, que definitivamente não é nenhum
Spike Lee, é totalmente desprovido de nervo: o seu filme é de uma moleza
inacreditável, embrulhado numa mise en scène de telefilme e numa total
incapacidade para transformar a oposição que o argumento joga (entre o
“mordomo”, submisso por temperamento e educação, e o seu filho, que se
envolve em movimentos contestatários) num conflito dramaturgicamente
forte - são apenas “ideias”, esquematicamente resolvidas em personagens
“exemplares”. Boas intenções, e nenhuma vontade de morder: no fundo, o
filme partilha por inteiro o temperamento do seu “mordomo”.
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