Ana Sofia Fonseca desenvolveu um apurado trabalho de arquivo ao compilar um vasto acervo videográfico, sonoro e fotográfico- registos de concertos e gravações em estúdio e também cenas da vida de Cesária. A montagem é oleada por vozes em Off de pessoas que privaram com Cesária, como o seu produtor e a sua neta. O que sobressai neste documentário é a modéstia de Cesária que confessa não querer mais do que uma casa , saúde e um carro para quando não puder andar.
É traçada cronologicamente a vida de Cesária, desde pequena até à sua morte. E a imagem que guardamos é a de alguém profundamente afetado pela bipolaridade ( diagnosticada tardiamente) e por episódios de depressão. Alguém profundamente ligado às suas raízes e aos costumes cabo-verdianos. Alguém que nunca se deslumbrou com a fama e sucesso.
É verdade que o documentário é superficial no que diz respeito à vida de Cize antes dos anos 90. Talvez por falta de material. Mas a realizadora consegue ainda assim retratar Cize genuinamente. Sao crus e justos todos os registos sonoros e todas as imagens do filme.
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