domingo, 10 de agosto de 2025

Maria

O filme acompanha a tumultuosa, bela e trágica história da soprano greco-americana Maria Callas, interpretada por Angelina Jolie, e considerada uma das melhores cantoras de ópera da história. Retrata especificamente o período em que Maria morou em Paris, nos anos 70, focando-se em seus últimos dias de vida. guião de Steven Knight (autor da série Peaky Blinders) explora a fragilidade de Callas em seus ultimos dias, reclusa no seu apartamento, sofrendo de depressão, com a voz enfraquecida, fragilizada, afundada em comprimidos e visoes. O realizador chileno, Pablo Larraìn, não está tão interessado em Maria Callas como o ícone da música que foi, mas sim em Maria, a pessoa, a mulher. É interessante como o filme retrata Maria Callas praticamente como um fantasma, vagueando por Paris e assombrada pelo seu passado. Por mais que o tempo tenha passado, ela ainda permanece agarrada à vontade de ser reconhecida, com uma certa esperança de recuperar a sua voz e voltar aos grandes palcos. Viciada em antidepressivos, o filme balança entre o que é realidade e imaginação, com a fantasia a invadir a vida da protagonistaO grande problema desta obra é que, para entender as angústias de Maria Callas, seria importante compreender a grandeza dela enquanto artista. O guião de Steven Knight nunca aprofunda esses aspectos, reservando apenas algumas cenas para ela se apresentar (enquanto artista) em flashbacks. Eles são os mesmos usados estrategicamente para relembrar aspectos importantes de sua biografia e os traumas que moldaram a sua vida, como a relação tóxica com o milionário grego Aristotle Onassis. Assim, não há muita informação para o grande publico que pouco sabe da história e da carreira de Callas. Angelina Jolie regressa através de Callas ao cinema depois de alguns tempos ausente. A sua voz é misturada com performances da cantora na vida real, o que infelizmente causa alguma estranheza e nao beneficia toda a potencia da voz de Callas. Contudo, Jolie dignifica muito bem a imponência, arrogância e insegurança da personagem. O filme afunda-se demasiadas vezes em preocupaçoes técnicas e estéticas atribuindo uma certa monotonia à narrativa, que explora sempre os mesmos tópicos sem se aprofundar de forma mais sensível em quem realmente é Maria Callas. Ainda assim estamos perante um retrato honesto sobre a tragédia que é viver dolorosamente no passado.