sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Gru- O Maldisposto 2

É que, no segundo filme sobre o vilão mais ternurento do planeta, os heróis são outros: os bonequinhos amarelos que provaram a sua eficácia viral aquando da estreia do primeiro filme. Desta feita, Gru (Steve Carell) é convocado por uma organização anticrime para encontrar e capturar um novo vilão, o mexicano El Macho. Para ser bem sucedido na missão, conta com a ajuda da agente Lucy (Kristen Wiig) e, claro, dos seus fiéis assistentes Mignons. A Illumination Entertainment volta aqui a provar que está ao mesmo nível de uma DreamWorks ou de uma Blue Sky. Boas personagens, óptima qualidade na animação e divertidíssimos “sketches” com as personagens amarelas a garantir ao filme a receita para o êxito. O sucesso é já um facto, já que as receitas de bilheteira do filme não param de aumentar, tendo já ultrapassado os 500 milhões de dólares em todo o mundo. O que o filme tem a mais que o seu antecessor é, ao mesmo tempo, a sua mais valia e o seu defeito. Se o maior protagonismo para os Mignons, em pequenos e constantes episódios paralelos à narrativa central da película é, por um lado, cativante e delicioso, é também o que determina que a história central seja menos consistente e muito intervalada por cenas dedicadas às pequenas criaturas. Está previsto para o próximo ano um spin-off dedicado aos Mignons. «Gru – O Maldisposto 2» é já uma antevisão do que poderemos ver numa longa-metragem totalmente pintada a amarelo: uma hora e meia de total diversão e fofura trazida pelos Mignons. Mas será que eles chegam para aguentar um filme completo?

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

DocLisboa 2013

Começa hoje a 11ª edição do festival, que se prolonga até 3 de novembro. O filme de abertura, 'Pays Barbare', de Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi, é exibido esta noite na Culturgest.

São mais de 200 os filmes que se poderão ver nesta edição do DocLisboa, entre salas na Culturegest, São Jorge, Cinemateca, City Alvalade e Almada. Pays Barbare, o filme de abertura do festival, regressa aos anos 30 para evocar o que foi o colonialismo italiano em África, na era de Mussolini, através de arquivos privados e anónimos da Etiópia, assim como fotogramas do período colonial italiano.
O festival ficará contudo marcado pela ausência do realizador iraniano, Mohammad Rasoulof, autor do filme de encerramento,Manuscripts Don't Burn. Rasoulof não vai poder presidir ao júri da Competição Internacional, pois o seu passaporte foi apreendido, no passado dia 19 de setembro, após ter apresentado o filme no Festival de Cannes. Manuscripts Don't Burn é um thriller baseado em factos verídicos, rodado clandestinamente no Irão. A direção do festival decidiu deixar vazia a cadeira de Mohammad Rasoulof, "não como uma homenagem mas como uma denúncia de todos os poderes que se opõem à liberdade de expressão e de pensamento" informou Susana de Sousa Dias, um das diretoras de festival, na segunda conferência de imprensa. Manuscripts Don't Burn será exibido no dia 2 de novembro, na Culturgest.
Na secção Riscos, Closed Curtains é o mais recente filme do cineasta iraniano Jafar Panahi, que também se encontra retido no seu país, proibido de trabalhar.
A secção Verdes Anos mostra ao público filmes produzidos no contexto de escolas de vídeo, cinema, audiovisuais e comunicação, assim como em cursos de pós-graduação, relacionados com o cinema, em particular documental.
Heart Beat, secção dedicada a documentários relacionados com a música e artes perfomativas, é de destacar o filme sobre o julgamento dos membros das Pussy Riot, Pussy Riot: A Punk PrayerOlho Nu, sobre a vida e obra de Ney Matogrosso, The Stone Roses: Made Of Stone, sobre os britânicos The Stone Roses, e Mistaken for Strangers, sobre os The National, documentário realizado pelo irmão do vocalista, Matt Berninger.
Aceda aqui à programação. 

domingo, 20 de outubro de 2013

Aya de Yopougon




Aya de Yopougon é uma animação, que tem uma hora e 42 minutos de duração, e foi produzida pelos estúdios Autochenille Production (de Joann Sfar, Clément Oubrerie e Antoine Delesvaux) e Banjo Studio
O filme foi escrito por Marguerite Abouet e baseia-se na série de quadrinhos Aya de Yopougon, de Abouet e Oubrerie, que possuiu seis edições publicadas na França.
O elenco vocal inclui Aïssa Maïga (Aya), Tella Kpomahou, Jacky Ido, Tatiana Rojo, Ériq Ebouaney, Atou Ecare, Sabine Pakora, Djedje Apali, Diouc Koma, Binda Ngazolo, Mokobé, Jean-Baptiste, Anoumon, Claudia Tagbo, Pascal N’Zonzi, Corinne Haccandy, Emil Abossolo-Mbo e Marguerite Abouet.
Marguerite Abouet e Clément Oubrerie também dirigem o filme. A trilha sonora é de Alexandre Fleurant.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Paris je t'aime

Paris, Je t'aime é um longa-metragem de pouco mais de duas horas de duração, composto por dezoito curtas-metragens, dirigidos por famosos cineastas de todo o mundo, que deixam transparecer aqui suas impressões sobre as particularidades da cidade francesa e, principalmente, sobre a fama de ser a capital dos apaixonados. A proposta feita aos diretores foi a de mostrar que, em Paris, o amor está por todo canto. Entre os cineastas convidados estão o brasileiro Walter Salles, Alfonso Cuarón e os Irmãos Coen. Paris é uma cidade formada exatamente por dezoito distritos, e cada uma das dezoito curtas mostra um bairro diferente, seja por meio de uma praça do local, ou por meio de uma estação de metrô.
Seria impossível fazer uma análise apenas global do filme. É necessário fazer uma pequena análise de cada curta que compõe o filme, pois são visões distintas das localidades parisienses. Paris, Je t'aime tem histórias alegres, tristes, melancólicas. Mostra encontros, novos relacionamentos, separações, mas tudo sem perder de vista o amor. Tem algumas histórias boas e outras realmente fracas. Alguns curtas poderiam ter menor duração, ou poderiam, simplesmente, não existir. No geral, o filme é bonito, mas com uma metragem menor, o filme seria, com certeza, melhor. Uma pena que alguns diretores tenham sido infelizes, porque houve aqueles que foram perfeitos ao retratar a Cidade Luz. 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Festa do Cinema Francês começa hoje e leva Paris a todo o país


O Instituto Francês de Portugal organiza a 14ª Festa do Cinema Francês que acontece, de 10 de outubro a 10 de novembro, em diversas cidades do país. O evento inaugura em Lisboa no dia 10 de outubro com a antestreia de Camille Redouble, com a presença da realizadora Noémie Lvovski. L’Ecume des jours de Michel Gondry, Grand Central de Rebecca Zlotowski e Jeune et Jolie de François Ozon, são outros dos filmes em antestreia na Festa do Cinema Francês. A atriz, realizadora e cantora Agnès Jaoui é este ano a Madrinha do festival e será possível conhece-la nas três vertentes artísticas. Do programa destaca-se também a exibição, da cópia restaurada, de um grande clássico do cinema francês: Hiroshima meu amor de Alains Resnais. O Cinema S. Jorge e a Cinemateca Portuguesa são os locais que acolhem a Festa do Cinema Francês, até dia 20 de outubro, na capital.

Em destaque:
Paris no Cinema
Sete filmes emblemáticos, que têm a cidade de Paris como pano de fundo, são exibidos nesta secção especial. E viveram felizes para sempre…?, de Agnés Jaoui é o filme de abertura. François Truffaut, Jean Rouch, André Téchiné e Léos Carax são outros dos realizadores cujas obras é possível conhecer. Agnés Jaoui encerra esta secção com um concerto no Lux. A programação insere-se no programa Paris-Lisboa, que celebra os 15 anos do Pacto de Amizade entre Lisboa e Paris.

Homenagem e Retrospetiva
Em colaboração com a Cinemateca Portuguesa e com a Midas Filmes é apresentada, pela primeira vez em Portugal, uma retrospetiva de Claude Lanzmann. O realizador, cujo trabalho tem como tema central o Holocausto levantando questões controversas sobre a participação dos judeus no extermínio nazi, estará presente na abertura da retrospetiva com a exibição do seu mais recente filme, Les derniers des injustes. Uma história que regressa à perversidade e crueldade do regime nazi.

Universo da Animação
O realizador Michel Ocelot é a figura em destaque da secção dedicada à animação. O programa, para miúdos e graúdos, inclui vários filmes deste realizador, um dos mestres do género. Kiricou les hommes et les femmes é o seu mais recente filme e pode ser visto na Festa do Cinema Francês em antestreia. Ernest et Céléstine de Stéphane Aubier, Benjamin Renner e Vicent Patar e Aya de Yopugon de Marguerite Abouet e Clément Oubreriethe são outras das antestreias previstas.

Aceda aqui ao programa. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Eu e Tu


É dificil perceber o que fazer com os filmes que Bertolucci faz hoje. Ou quase não faz, visto que os intervalos são cada vez maiores (Eu e Tu aparece nove anos depois de The Dreamers), por razões que não terão apenas a ver com problemas de saúde. Um fio possível para deitar a mão à meada de Bertolucci é a juventude. The Dreamers falava do Maio de 68 como uma aventura adolescente, mais sentimental do que política, questão de “lust for life”. Os protagonistas de Eu e Tu voltam a ser jovens, ainda mais jovens do que os de Dreamers. E se estes se enfiavam na cave da Cinemateca Francesa (a aventura também era cinéfila), estes enfiam-se numa cave anónima, cheia de adereços e guarda roupa, para sessões de terapia convivial, desintoxicação e teatro musical. Eu e Tu é a história de um garoto em plena idade do armário, que se tranca na cave do prédio durante a semana em que a mãe pensa que ele foi fazer ski com os colegas da escola. Tranca-se por razão nenhuma: pura revolta “sem causa”, zangado com os pais, com a escola, com o mundo. Depois aparece-lhe a meia irmã, mais velha, que também escolheu a cave para se isolar e proceder a uma desintoxicação por conta própria, promessa feita ao namorado. O osso do filme assenta na relação entre eles. E se se pode sempre dizer que isto também é Bertolucci a “enfiar-se na cave” e a voltar costas ao mundo, de tal modo eu e tu se abstém de referências significativas ao que quer que seja para além da relação entre os dois meio-irmãos, esta história de intimidade subterrânea até resulta bastante bonita. Bertolucci parece lançar algumas pistas, quase private jokes - o psicólogo que na primeira cena atende o miudo está em cadeira de rodas, como, por causa de uma hérnia, Bertolucci está actualmente, e portanto é como se Bertolucci “apadrinhasse” o miudo; o miúdo que, numa das últimas cenas antes de se encerrar na cave, irrita a mãe com perguntas incestuosas, como se fosse La Luna revisto com um sentido de irrisão adolescente. Mas nada disto prevalece sobre o sentido essencial do filme, que é um rumo para a pacificação, uma resolução da “revolta” através da aprendizagem do contacto com os outros. Se a miúda se desintoxica da heroína, o miudo desintoxica-se da sua aversão ao contacto e ao convívio, aprende que se pode esperar dos outros, em determinadas circunstâncias, alguma coisa boa. Num golpe bastante feliz, Bertolucci transfere integralmente para uma canção de David Bowie (Ragazzo Solo, Ragazza Sola, versão italiana de Space Oddity), dançada e cantada pelo par de irmãos, a expressão da moral da história e a chave para desatar o seu novelo psicológico. E portanto até é simples: está encontrado o filme de Bertolucci de que mais gostamos nos últimos 30 ou 40 anos.