domingo, 27 de novembro de 2011

O fado já é património mundial

O fado foi a última candidatura avaliada na sessão desta quinta-feira, que terminou às 20h30 (12h30, hora de Lisboa), depois de terem passado à votação mais de 30 propostas. E, mesmo assim, foi recebido com grande entusiasmo. Para esse clima de festa contribuiu, "e muito", o breve discurso de António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, entidade que formalizou a candidatura junto da UNESCO: "O Dr. António Costa decidiu terminar as suas palavras, já a fechar a intervenção de Portugal, chegando o seu iPhone ao microfone e deixando que a sala ouvisse Amália cantar ‘Que estranha forma de vida'. Foi uma emoção acabar com a voz de Amália num fado de [Alfredo] Marceneiro. A sala levantou-se num enorme aplauso."
A partir de agora, o fado não é apenas a canção de Portugal, a canção de Severa, Marceneiro, Amália, Carlos do Carmo, Camané, Ana Moura e Carminho - é um tesouro do mundo. Um tesouro que fala de Portugal, da sua cultura, da sua língua, dos seus poetas, mas que também tem muito de universal nos sentimentos que evoca: a dor, o ciúme, a solidão, o amor.
O optimismo à volta da eventual entrada do fado para a Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade era grande desde que, em Outubro, a comissão de peritos da UNESCO considerou a candidatura portuguesa "exemplar", mas vê-la formalizada compensa definitivamente anos de trabalho de uma série de especialistas, músicos e intérpretes.
Foi em 2005 que Portugal começou a preparar mais seriamente esta candidatura que o Museu do Fado, em nome da Câmara Municipal de Lisboa, formalizou em Junho do ano passado (tinham passado apenas dois anos sobre a aprovação da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial). Mas a ideia, ou o sonho, tem quase 20 anos - surgiu por altura da Lisboa Capital Europeia da Cultura, em 1994, garantiu ao PÚBLICO há dias Ruben de Carvalho, vereador da CDU em Lisboa e um dos que mais apoiaram o projecto desde o início.
Em 2010, o fado apresentou-se à UNESCO como "símbolo da identidade nacional" e "a mais popular das canções urbanas" portuguesas, tendo por embaixadores dois intérpretes que, por motivos bem diferentes, fazem parte da sua história de forma incontestada: Carlos do Carmo e Mariza.
A canção que deve a Amália os primeiros grandes esforços de internacionalização foi uma das 49 candidaturas a património imaterial da humanidade avaliadas por delegados de 24 países até dia 29.
A lista do património imaterial - uma designação que abrange tradições, conhecimentos, práticas e representações que fazem a matriz cultural de um país e que, juntas, formam uma espécie de tesouro intangível do mundo - tinha até à reunião de Bali 213 bens de 68 Estados, como o tango ou o flamenco, só para falar em dois exemplos de universos semelhantes. O fado é o primeiro bem português, mas, se tudo correr bem, já não faltará muito para que o cante alentejano lhe faça companhia.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Arte Lisboa revela obras inéditas de artistas nacionais

Ponto de encontro do meio artístico contemporâneo nacional, o Pavilhão 1 da FIL, em Lisboa, recebe até domingo a 11.ª edição da Arte Lisboa
Mais de 500 obras, de artistas nacionais e estrangeiros, vão estar em exposição nos stands de 32 galerias de arte a partir de hoje e até domingo, durante a 11.ª edição da Arte Lisboa - oportunidade única para num só espaço conhecer algumas das mais recentes obras tanto de artistas consagrados como emergentes.
Sinal dos tempos, esta é uma das feiras menos participadas dos últimos cinco anos, sobretudo se se comparar com as 70 galerias de arte que marcaram presença na edição de 2008.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Kate Bush regressa com disco de Inverno

A primeira canção que escutamos em 50 Words For Snow, o novo álbum de Kate Bush que esta semana chega às lojas, conta-nos a história de um floco de neve (a quem o próprio filho da cantora dá voz) que nasceu numa nuvem e, ao cair, deseja encontrar alguém. Mais adiante narra-se o drama de um homem de neve que derrete depois de uma noite de paixão.
Ou de um fantasma que chama ao seu cão floco de neve. Cabendo depois ao actor Stephen Fry uma enumeração de 50 formas possíveis de enunciar neve, afinal seguindo a sugestão do título (que podemos traduzir como "50 palavras para Neve"). É o décimo álbum de originais de Kate Bush, o seu disco mais pessoal de sempre e o segundo que edita em menos de um ano, apenas poucos meses depois de Director"s Cut, onde apresentava novas interpretações para canções dos seus álbuns The Sensual World (1989) e Red Shoes (1993).

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Viagem ao Tecto do Mundo, O Tibete Desconhecido"

Já está à venda o livro "Viagem ao Tecto do Mundo, O Tibete Desconhecido" do investigador e jornalista Joaquim Magalhães de Castro que foi adaptado para o documentário televisivo que estreou no dia 20 de Novembro, na RTP2: «Himalaias, Viagem dos Jesuítas Portugueses».
Joaquim Magalhães de Castro pretende mostrar ao mundo alguns universos e épocas por onde circulou a alma portuguesa e igualmente juntar ao rigor histórico dos factos, dos locais e das personagens, a dinâmica do jornalismo de investigação.
Natural das Caldas de S. Jorge (Santa Maria da Feira), Joaquim Magalhães de Castro é jornalista freelancer, fotógrafo e investigador da História da Expansão Portuguesa. Colabora na imprensa em Macau, onde habitualmente reside, e em Portugal, sendo presença regular nas revistas UP, Tempo Livre, Notícias Sábado e Volta ao Mundo. É autor dos livros Os Bayingyis do Vale do Mu - Luso Descendentes na Birmânia (2001) e A Maravilha do Outro - No Rasto de Fernão Mendes Pinto (2004), e dos documentários televisivos A Outra Face da Birmânia (2001) e Dund - Viagem à Mongólia (2004).

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Arte Institute leva festival de "curtas" ao Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro, no Brasil, vai ser a próxima paragem do Festival Português de Curtas Metragens iniciado este ano em Nova Iorque pelo Arte Institute, um colectivo de jovens apostados na divulgação da cultura contemporânea portuguesa.
Ana Miranda, impulsionadora do colectivo que esteve recentemente ligado à exibição em Nova Iorque do documentário "José & Pilar", disse à Lusa que a recepção às "curtas" na metrópole norte-americana veio "mostrar a qualidade, o valor e a originalidade desta nova geração de realizadores portugueses".
"Ficou claro para nós que esta primeira edição do Festival não podia ficar por aqui e que deveria ser realizado noutros países como o Brasil, Espanha, Inglaterra e Alemanha", adiantou.
A edição do Rio de Janeiro, a 09 e 10 de Dezembro, terá lugar no Teatro Cacilda Becker, onde serão mostrados filmes de novos realizadores como Simão Cayatte ("A Viagem") e Yuri Alves ("Broken Clouds") e até o vídeo do artista Vhils para o tema "M.I.R.I.A.M" da banda portuguesa Orelha Negra.
O programa será idêntico ao de Nova Iorque e será encerrado com uma performance pelo artista João Garcia Miguel, que combina teatro, performance e artes visuais.
Paralelamente, o Arte Institute vai abrir no final de Dezembro o concurso para a segunda edição do NY Portuguese Short Film Festival, que acontecerá em Nova Iorque, em Junho do próximo ano.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

João Mota aceita convite para dirigir Teatro D. Maria em Lisboa

João Mota, encenador e fundador do Teatro A Comuna, aceitou esta sexta-feira o convite feito na véspera pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, para dirigir o Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), depois do afastamento de Diogo Infante do cargo de director artístico.
Questionado sobre as razões que o levam a aceitar assumir o cargo, confessa: "Nunca pensei em dirigir o Nacional. Aceitei porque é um desafio, tal como foi um desafio fundar A Comuna no pré 25 de Abril, sem dinheiro, sem apoios e em ditadura. Não sei se vou ser capaz, com tão pouco dinheiro e um corte tão grande. O Diogo [Infante] falou nisso muitas vezes nos últimos dias. Menos 36% é muita coisa, mas vou tentar, com muita energia." E conclui: "Tenho coragem para isso e também me dará muito prazer tentar. O país está em crise, todos temos obrigação de tentar, de fazer a nossa parte."
A substituição do ainda director artístico do teatro, Diogo Infante, foi anunciada quarta-feira, depois de o teatro nacional ter enviado para jornais, rádios e televisões um comunicado em que anunciava a suspensão da programação para 2012, caso o secretário de Estado não encontrasse uma solução para aumentar o orçamento do teatro para o próximo ano.
Diogo Infante, que foi nomeado em 2008 e que se encontrava em funções interinamente (o seu contrato terminou em Setembro), garantiu no referido comunicado que, com o corte orçamental previsto para 2012 - menos 36%, contando com as reduções acumuladas dos dois últimos anos, 2010 e 2011 - não teria condições para assegurar a programação do próximo ano, divulgada no Verão.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Festival Rotas e Rituais

O Festival Rotas & Rituais está de volta a Lisboa, desta vez com o Cinema São Jorge a servir de palco. Entre quarta-feira e domingo passam pela sala lisboeta duetos entre músicos africanos e portugueses, cinema e uma instalação.
Tendo como mote o Ano Internacional dos Povos Afro Descendentes proclamado pela ONU, a IV edição do Rotas & Rituais convida a mais uma viagem, não só pelas história actuais, passadas e futuras, mas também pela língua e por um diálogo comum entre Portugal e os países africanos de língua oficial portuguesa.
O festival arranca hoje, dia 16, às 14h00 com a instalação A Minha Casa é Tua, de Bruno Gaspar. Trata-se de um cubo gigante coberto com imagens criadas por descendentes africanos de língua portuguesa. No interior, será projectada uma sequência de depoimentos que serão realizados com e sobre a comunidade. Às 21h30 é exibido o documentário Vozes de Moçambique, com a presença da realizadora Susana Guardiola.
A partir de quinta-feira, há um dueto por noite. Os primeiros a subir ao palco são Tcheka e Mário Laginha. Na sexta, Nancy Vieira convida Camané, sábado Mirri Lobo convida Rui Veloso e, por fim, Waldemar Bastos e Mingo Rangel encerram o programa musical do Rotas & Rituais.
Os bilhetes para cada filme custam €2 e para cada concerto €10, mas há desconto para quem quiser ir ver mais do que um concerto.
Podem ver o programa completo deste 4ª Rotas e Rituais aqui.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Labirintos

A adolescência e os seus caminhos, perturbações, fantasias e excessos. Obras da Colecção do CAM expostas na sede da Fundação Gulbenkian a propósito do Fórum Gulbenkian Saúde. Até 17 de Novembro.
“Labirintos da Adolescência” é o tema deste ano do Fórum Gulbenkian Saúde. A partir deste tema a comissária Leonor Nazaré escolheu obras da colecção do Centro de Arte Moderna Azeredo Perdigão, que podem ser vistas à luz desta parte do crescimento humano - a identidade, a determinação neurológica, cultural e psíquica.
“Estás seguro enquanto dormes?”, uma instalação de João Pedro Vale, “O Resto é Silêncio”, escultura de Noé Sendas e “As Vivian Girls como Moinhos de Vento”, pintura de Paula Rego são algumas das obras em exposição.

domingo, 13 de novembro de 2011

"Twilight Portrait" vence Lisbon & Estoril Film Festival

O filme, que constitui uma estreia da realizadora russa, retrata a história de Marina, uma assistente social que decide enfrentar o próprio passado traumático.

O Júri Oficial da edição 2011 do Lisbon & Estoril Film Festival foi composto pelos escritores John M. Coetzee, Nobel da Literatura, e ainda Don DeLillo, Paul Auster e Siri Hustvedt, o violinista Gidon Kremer e o artista plástico José Barrias.

"Une Vie Meilleure", do realizador francês Cédric Kahn, conquistou o Prémio Especial do Júri - João Bénard da Costa.

Esta película é protagonizada por Guillaume Canet e Leïla Bekhti e conta a história de Yann e Nadia, que decidem abrir um restaurante, mas cujo sonho ameaça ruir quando ela decide aceitar um emprego no estrangeiro.

A acontecer desde 4 de novembro, em Lisboa e no Estoril, o festival, dirigido por Paulo Branco, encerra este domingo com o anúncio dos premiados, no Cinema São Jorge, em Lisboa, e com a exibição do filme, em ante-estreia nacional, de "La piel que Habito" ("A pele onde eu vivo"), do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.

O júri decidiu ainda atribuir duas Menções Especiais às longas-metragens "Amnesty", de Bujar Alimani, filme albanês sobre um homem e uma mulher que se apaixonam enquanto os respectivos companheiros se encontram presos, e a "Oslo, August 31st", de Joachim Trier, que acompanha um dia na vida de um jovem toxicodependente em reabilitação, enquanto vagueia pela capital norueguesa.

"Une Vie Meilleure", de Cédric Kahn, também conquistou o Prémio Cineuropa, atribuição decidida por Cristina Soldano, dramaturga, cenógrafa e directora Artística do Festival de Cinema Europeu de Lecce.

O Encontro de Escolas Europeias promovido pelo Lisbon & Estoril Film Festival 2011 reuniu igualmente um júri para premiar curtas-metragens do certame, o Prémio MEO.

Este galardão foi atribuído ex-aequo às curtas metragens "Here I am", de Bálint Szimler, da University of Theatre and Film, de Budapeste, e "Aman (Safe and Sound)", de Ali Jaberansari, da London Film School.

O júri deste prémio foi constituído pela actriz e realizadora Valeria Bruni-Tedeschi, o director de fotografia Peter Suschtizky, o escritor e dramaturgo Peter Handke e o coreógrafo Rui Horta.

O júri atribuiu ainda Menções Honrosas aos filmes "Frozen Stories", de Grzegorz Jaroszuk, da Polish National Film Television and Theater School, em Lodz, e a "L'Estate che non Viene", de Pasquale Marino, do Centro Sperimentale di Cinematografia - Scuola Nazionale di Cinema, de Roma.

O Prémio L'Oreal, que distingue os mais promissores talentos do cinema nacional, foi entregue este ano ao actor Miguel Nunes.

O Prémio Canon foi atribuído à curta-metragem "Encadeados", realizada por Ana Delgado Martins.

Os filmes premiados vão ser exibidos este domingo no Cinema Monumental - "Une Vie Meilleure", de Cédric Kahn, às 19h30, e "Twilight Portrait", de Angelina Nikonova, às 22h00 - e, no Espaço Nimas, serão projectados "Here I am", de Bálint Szimler, "Aman (Safe and Sound)", de Ali Jaberansari, "Encadeados", de Ana Delgado Martins, "Amnesty", de Bujar Alimani, a partir das 21h30.

sábado, 12 de novembro de 2011

A Perspectiva das Coisas. A Natureza-Morta na Europa Segunda parte: Séculos XIX-XX (1840 - 1955)

Dando continuidade à exposição apresentada em 2010 sobre o tema da natureza-morta na Europa, a segunda parte será dedicada à modernidade do século XIX e às alterações fundamentais ocorridas na primeira metade do século XX.
A renovação do interesse pela natureza-morta por parte dos artistas da vanguarda francesa será documentada através das obras dos Realistas e também da nova linguagem do Impressionismo. Em exposição estará uma peça-chave deste contexto, a Natureza-Morta de Claude Monet, que faz parte das colecções do Museu Calouste Gulbenkian. A natureza-morta foi, no final do século XIX, tema que interessou de sobremaneira os pintores Pós-Impressionistas como Cézanne, Van Gogh e Gauguin, que estarão representados através de obras de referência.

21 de Outubro de 2011 a 8 de Janeiro de 2012
Galeria de Exposições da Sede
Museu Calouste Gulbenkian

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Estudo revela doenças nas múmias do Museu de Arqueologia

Mais de um ano depois de feitas radiografias e TAC às três múmias egípcias da colecção do Museu Nacional de Arqueologia (MNA), em Lisboa, foram divulgados os primeiros resultados. Após estes exames de tomografia, feitos sem se abrirem os sarcófagos e que permitiram reconstituir, a três dimensões, todo o corpo mumificado, foi diagnosticado a uma das múmias, com cerca de 2300 anos, um cancro na próstata com extensões ósseas. Numa outra foi detectada uma lesão extensa com origem numa distensão.
Em Agosto de 2010 numa reportagem publicada no P2 no dia dos exames, um dos investigadores, o egiptólogo Luís de Araújo, do Instituto Oriental da Faculdade de Letras de Lisboa, afirmava que tinham de "estar preparados para tudo". E sabia-se que poderiam conseguir saber que tipos de doenças tinham em vida e até, eventualmente, a causa de morte.
Confirmou-se. Este estudo mostra "o primeiro caso de cancro na próstata achado numa múmia egípcia que se encontra enfaixada, e sem terem sido usados métodos destrutivos", revelou ontem à Lusa o médico radiologista Carlos Prates, coordenador da equipa clínica do estudo "Lisbon Mummy Project". "É um caso único, sendo provavelmente o segundo mais antigo conhecido. Há um achado referente à mesma hipótese nuns ossos muito degradados encontrados na Sibéria, cujas análises presumem que as razões de morte tenham sido cancro na próstata, mas não há radiografia, nem imagens, e dão a idade de 2700 anos; a múmia de Lisboa tem à volta de 2300 anos", acrescentou o investigador. "Não há nenhum diagnóstico de cancro na próstata numa múmia egípcia, nem de patologia maligna numa múmia que não foi aberta para ser investigada, como era prática no século XIX, até à invenção do raio X".
Esta múmia, do período ptolemaico (305-30 antes de Cristo), foi designada cientificamente por "M1" no estudo "Lisbon Mummy Project", que contou com participações de outras entidades: da empresa Imagens Médicas Integradas (IMI) que disponibilizou as instalações e a equipa de investigação liderada por Carlos Prates, contando com os médicos radiologistas Sandra Sousa e Carlos Oliveira; da Siemens, que patrocinou o projecto e disponibilizou uma estação de trabalho de pós-processamento avançado da informação digital; e do MNA, cujo director, Luís Raposo, coordena uma equipa que integra Luís de Araújo e ainda o arqueólogo Álvaro Figueiredo, do University College de Londres. Houve ainda a colaboração da Fundação Gulbenkian, que patrocinou a vinda a Portugal da arqueóloga egípcia Salima Sikran que acompanha o estudo. "Uma das outras múmias [M2] pertence a um sacerdote, Pabasa de seu nome, e revelou uma lesão extensa com origem numa distensão, que lhe terá provocado entorses frequentes. "Terão sido dolorosas e, nessas fases, deveria coxear", disse ainda o investigador.
O "Lisbon Mummy Project" teve início em 2007 e os resultados finais deste trabalho "serão divulgados em breve, mas só depois da publicação numa revista científica". E só depois dessa publicação é que se podem revelar todos os pormenores desta investigação multidisciplinar, que também se estendeu a animais mumificados.

domingo, 6 de novembro de 2011

MIGUEL BRANCO. DESERTO

A exposição apresenta quatro núcleos distintos que ocupam as quatro salas do Pavilhão. Pensados a partir do espaço da galeria, em cada núcleo existe uma “figura chave” que amplifica e cria uma tensão com as restantes peças, estendendo ligações às diferentes salas. As peças desenvolvem ligações entre si, criando uma dinâmica espacial pela forma como se articulam com o espaço, com as suas escalas e com o percurso do observador.

Exposição comissariada por Bernardo Pinto de Almeida.
29 de Setembro a 13 de Novembro.
Pavilhão Branco/Museu da Cidade

sábado, 5 de novembro de 2011

Contágio

“Contágio” é um filme sobre um vírus fulminante que aparece do nada e se torna numa pandemia global enquanto o diabo esfrega um olho, os médicos coçam a cabeça, o pânico toma conta da população e a sociedade começa a desintegrar-se. É o tema perfeito para um filme catástrofe à moda antiga ou um grande filme de terror apocalíptico - mas Soderbergh, que aqui regressa às grandes produções depois de alguns filmes mais experimentais (o díptico “Che” ou “Confissões de uma Namorada de Serviço”) é conhecido por fazer tudo menos o que se espera e o seu apocalipse é de uma serenidade atordoante e metódica que desorienta o espectador ao recusar todas as suas âncoras habituais, até no modo como utiliza o seu elenco de vedetas. Mas, contraditoriamente, o que aqui acontece está longe de ser o grande filme assustador que poderia ser - o realizador americano transforma-o em algo de desapaixonado, cerebral e distante, exactamente como um vírus disposto a tudo para sobreviver. Os seus actores, a sua narrativa, a sua emoção, fica tudo pelo caminho deste projéctil admiravelmente formalista mas que, como convém aos vírus, se admira à distância sem nunca nos queremos engajar com ele.