domingo, 25 de setembro de 2011

Filme de João Canijo vence prémio da crítica internacional em San Sebastian

Primeiro, uma menção honrosa. Agora, o Prémio da Crítica Internacional. O filme "Sangue do Meu Sangue", do realizador João Canijo, recebeu ontem mais um galardão não oficial do festival San Sebastian, que este sábado terminou em Espanha.
Em competição por este prémio estavam outros 15 filmes. Acabou por vencer o novo trabalho de Canijo, que na quinta-feira assegurou a difusão na estação de televisão pública espanhola ao receber a menção honrosa na atribuição do prémio Otra Mirada da TVE.
"Sangue do Meu Sangue", que o cineasta escreveu em parceria com os actores, narra o amor de uma mãe solteira pela filha, interpretadas por Rita Blanco e Cleia de Almeida.
Para a produtora Midas Filmes, a "atribuição destas duas distinções tem um significado muito especial", tanto pela participação "extremamente importante" da TVE no cinema nacional como por ser atribuído "por um grupo alargado e prestigiado de críticos", refere em comunicado.
A escolha pertenceu a cinco jornalistas de cinema da federação internacional da imprensa cinematográfica, a FIPRESCI, de um júri presidido por Paulo Portugal e do qual faziam ainda parte Horacio Bernades, da Argentina, Geri Krebs, da Suíça, Stanislav Ulver, da República Checa, e Imma Merino Serrats, de Espanha.
O filme estreia em Portugal a 6 de Outubro e continuará a ser exibido nos festivais internacionais - em Toronto, no Rio de Janeiro e em Busan (Coreia do Sul).

sábado, 24 de setembro de 2011

"José e Pilar" premiado em festival brasileiro dedicado à língua portuguesa

O candidato português aos Óscares do próximo ano, "José e Pilar", foi eleito o melhor documentário no CinePort - Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa. O prémio foi esta sexta-feira atribuído em João Pessoa, Paraíba, no Brasil, onde a quinta edição do festival decorre até domingo.

Esta é a segunda vez que o filme de Miguel Gonçalves Mendes é distinguido no Brasil, depois de ter arrecadado o prémio do público na Mostra de São Paulo, no ano passado. "José e Pilar" esteve depois em cartaz nas salas brasileiras, na quais teve, durante cinco meses, 40 mil espectadores.

O prémio no CinePort foi comunicado pela produtora do documentário, a Jumpcut, que informa ainda que "José e Pilar" voltará a ser exibido em Espanha amanhã, sábado, no Hay Festival de Segóvia. Pilar del Río, viúva do Nobel da Literatura português e presidente da Fundação José Saramago, estará presente.

O mercado espanhol foi de resto um dos quatro com distribuição comercial do filme, junto com Portugal, Brasil e Itália. México, Estados Unidos e Canadá são os países que se seguem. Mais imediata, a 4 de Outubro, é a exibição na Feira do Livro de Belgrado, que vai contar com a presença do realizador Miguel Gonçalves Mendes.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Cesaria Evora termina a carreira aos 70 anos

A cantora cabo-verdiana Cesaria Evora pôs um ponto final na sua longa carreira, anunciou esta sexta-feira a sua editora, a Lusafrica. A cantora de 70 anos está fisicamente muito debilitada.
Cesaria Evora chegou há poucos dias a Paris para uma série de concertos e apresentações, agora cancelados.
O comunicado da editora explica que a cantora chegou a França num estado de "grande debilidade". "Os médicos que a seguem em Paris ordenaram o cancelamento da sua próxima digressão. Cesária decidiu então em conjunto com o seu produtor e agente, José da Silva, pôr um fim de maneira definitiva à sua carreira."
Os problemas de saúde de Cesaria Evora têm-se vindo a complicar desde 2008, quando em Março sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) durante um concerto na Austrália. "Os seus problemas de sáude são consequência das várias operações cirúrgicas a que tem sido submetida nos últimos anos, entre elas, uma operação a coração aberto em Maio de 2010", continua o comunicado.
A "Diva dos Pés Descalços", por cantar sempre descalça, completou em Agosto 70 anos e tem estado este ano a trabalhar num novo álbum, sucessor de "Nha Sentimento", lançado em 2009.
Em 2004, Cesaria Evora venceu o Grammy de Melhor Álbum World Music Contemporâneo com "Voz d'Amor".
Cesaria Evora é embaixadora de boa vontade da Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), e foi condecorada, em 2007, pelo então Presidente francês Jaques Chirac com a Legião de Honra de França, país onde a artista encetou a sua carreira internacional, tornando-se a voz cabo-verdiana mais conhecida no mundo.
O ano passado, Cesária Évora foi homenageada no seu país, Cabo Verde, com um prémio carreira na gala dos Cabo Verde Music Awards.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Rosa Morena" de Carlos Oliveira conquista Prémio Melhor Filme do Festival Queer

O filme brasileiro "Rosa Morena", de Carlos Oliveira, conquistou o Prémio de Melhor Longa-Metragem da 15.ª edição do Festival de Cinema Gay e Lésbico - Queer Lisboa, anunciou a organização na sessão de encerramento do certame.
O Prémio de Menção para o Melhor Actor foi para o chileno Roberto Farias pela interpretação em "Mi Último Round", de Julio Jorquera, e o Prémio de Menção para a Melhor Actriz foi atribuído por unanimidade à actriz alemã Corinna Harfouch no filme "Auf der Suche", de Jan Kurger.

Na cerimónia de encerramento que decorreu no Cinema São Jorge, em Lisboa, foi exibido um filme em retrospectiva: "Taxi zum Klo" (Alemanha, 1980), de Frank Ripploh.

Ainda segundo a organização, o Prémio de Melhor Documentário foi atribuído ao filme indiano "I Am", de Sonali Gulati. O galardão tem um valor de 3.000 euros e é atribuído pela RTP 2, pela compra dos direitos de exibição do filme neste canal.

No Prémio do Público para a Melhor Curta-Metragem foi distinguido o filme de ficção brasileiro "Eu Não Quero Voltar Sozinho", de Daniel Ribeiro. Tem um valor de 1.000 euros, e é patrocinado pela Jameson.

O júri do Prémio de Melhor Longa-Metragem - no valor de 1.000 euros, patrocinado pela Absolut Vodka - foi composto por Beatriz Batarda, Albano Jerónimo e Sam Ashby, que justificou assim a atribuição: "Escolher foi muito difícil, mas acabámos por decidir reconhecer o filme que mais nos desafiou e que levantou o maior número de complexas questões morais".

Adiantou ainda que na escolha pesou "o corajoso e honesto retrato da luta desesperada e, por vezes perigosa, de um homem gay pelo seu direito a ser pai, tendo como pano de fundo o extraordinário cenário das favelas de São Paulo".

Para a eleição de Melhor Actor - o chileno Roberto Farias pela interpretação em "Mi Último Round", de Julio Jorquera, o júri justificou: "Pelo zelo, simplicidade e dedicação à jornada da sua personagem em direcção à aceitação de um inesperado estilo de vida, o ator caracteriza com verdade e humanidade a riqueza do ponto de vista do realizador sobre as contradições dentro de uma pequena comunidade masculina no Sul do Chile".

Em relação ao Prémio para Melhor Actriz - a alemã Corinna Harfouch no filme "Auf der Suche", de Jan Kurger - o júri justificou-a pela "interpretação sólida, económica e contida, da jornada de uma mãe para encontrar o seu filho enquanto lida com uma profunda inquietação interior".

O júri considerou que Corinna Harfouch "foi habilmente ao encontro da visão do realizador da batalha de uma mulher para superar-se a si mesma e atender às necessidades de um outro".

O júri do Melhor Documentário - que coube ao filme indiano "I Am", de Sonali Gulati - foi composto por Miguel Gonçalves Mendes, Claudia Mauti e Franck Finance-Madureira.

"Um filme forte e ao mesmo tempo tocante, numa história relatada de um modo pessoal que, começando na relação da realizadora com a sua mãe, se torna num retrato político e social de um país", justificou o júri.

O Prémio do Público da Secção Competitiva para a Melhor Curta-Metragem foi atribuído à curta-metragem de ficção brasileira "Eu Não Quero Voltar Sozinho", de Daniel Ribeiro, com uma nota dos espetadores de 8,7 numa escala de um a dez.

A curta-metragem relata a história de Leonardo, um adolescente cego que tem de lidar com os sentimentos despertados pelo amigo Gabriel.

Nesta edição especial de 15 anos do Queer Lisboa foram exibidos 84 filmes de mais de 30 nacionalidades, com um total de cerca de 8.000 espectadores contabilizados nas sessões de cinema que decorreram durante nove dias no Cinema São Jorge.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Amadeus

A encenação está a cargo de Tim Carroll, um convite feito por Diogo Infante, que reconhece no encenador uma ”familiaridade com a língua inglesa” e também uma ”identificação com o humor inglês”. A sua vasta experiência na direcção de textos clássicos e óperas confirma o sucesso desta escolha, cujo resultado é uma peça muito bem encenada e perfeitamente interpretada.
Peter Shaffer afirmou durante a década de 90 que “A peça não é, na verdade, apenas sobre Mozart. É também sobre Salieri”. E de facto, na peça é Antonio Salieri, o compositor da corte austríaca no século XVIII, que assume o papel de actor principal, para além de narrador. A acção inicia-se em 1823, com Salieri na sua velhice e a assumir-se como confessor, interpelando o público para que o oiça. Para isso, tranforma-se num jovem Salieri que nos reconta episódios em flashback, como Mozart chegou à sua corte, como o conheceu, os sentimentos que desenvolveu em relação a ele e o ímpeto de vingança que o moveu até ao fim de Mozart.
Aqui, o papel de Salieri é interpretado de forma brilhante por Diogo Infante, que executa perfeitamente a metamorfose entre o idoso e o jovem adulto. Mozart, por sua vez, é também interpretado de forma exemplar por Ivo Canelas, que transpõe para o público todo o génio musical do compositor, mas também as suas falhas como ser humano, desde a sua infantilidade à inapropriação da linguagem que utiliza.
Com uma estrutura dividida em dois actos, apenas no final do primeiro Salieri ganha consciência do génio de Mozart, o que provoca uma mudança não só no seu comportamento mas também na sua relação com Deus – Salieri percebe que Mozart é Amadeus, o “amado dos deuses” e entra por isso em conflito com Deus.
Em Amadeus, a História mistura-se com ficção, com teatro e, obviamente, com música. Este elemento tem uma importância natural, ao longo da peça vamos ouvindo obras emblemáticas de Mozart, tais como A Flauta Mágica e a controversa ópera As Bodas de Fígaro.
O culminar desta rivalidade traduz-se na morte de Mozart, com um clímax propositadamente escrito pelo autor, conferindo uma teatralidade que não existia antes na história Mozart-Salieri. Os sentimentos do público em relação a Mozart sofrem uma evolução, passando do distanciamento para a compaixão e mesmo para a simpatia. No final, Salieri reconhece a vitória de Deus na batalha que tinha empreendido – a música de Mozart permanece, a sua morre.
Durante cerca de duas horas, desenrola-se não só a rivalidade entre os dois compositores mas também temas mais abrangentes e tranversais à humanidade, tais como a justiça, o amor, o sofrimento e, acima de tudo, a oposição entre o génio e a mediocridade.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

enfant - um espectáculo de Boris Charmatz

“Enfant” é um espectáculo de Boris Charmatz para nove bailarinos e um grupo de crianças. Tiago Bartolomeu Costa, crítico de artes performativas do jornal Público, viu-o no Festival de Avignon, em Julho passado, e diz dele que é “de uma insuportável beleza”.
A criança é aqui vista como uma matéria maleável, frágil e incontrolável. Transportados, pousados no chão, manipulados pelos bailarinos, os corpos das crianças invadem o espaço, ampliam-no, esculpem-no. Das suas relações nasce um jogo de tensão e de relaxamento que conjuga a força da inércia com o processo de transformação.
Progressivamente, as relações invertem-se, desfaz-se a fronteira entre grandes e pequenos, profissionais e amadores, animado e inanimado, dando lugar a uma massa em formação, um enxame impetuoso que arrasta tudo.

Coreografia de Boris Charmatz
Interpretação de Eleanor Bauer, Nuno Bizarro, Matthieu Burner, Olga Dukhovnaya, Julien Gallée-Ferré, Lénio Kaklea, Maud Le Pladec, Thierry Micouin, Mani A. Mungai e um grupo de crianças de Rennes

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A Dália Negra